domingo, 31 de outubro de 2010

Sedução infantil

Inocência atrevida

Menino faceiro.
Coração inteiro...
Espaçoso
E generoso.

Maroto,
Afobado,
Curioso,
Esse garoto.

Pouco viveu.
Nada soube
Do amor
E das ilusões.

Se sofreu,
Tanto houve
De sabor
E inspirações!

Tão doce
E meigo olhar.
Quão zelosas
E sinceras mãos.
As palavras, então,
Ditas, assim, nesse tom.

Sabe muito bem
Que consegue,
Como ninguém,
Que eu me entregue
Em alma, mente e além.

sábado, 30 de outubro de 2010

Desmancha prazer

Castelo de areia

Horizonte de sol dourado,
Brisa fresca beija o rosto,
Cheiro úmido...
Mistura de folha e maresia.

Por que será
Que perto do mar
Tudo vira poesia?

A onda vira,
A moça bonita
Revira
O olhar dos garotos.
A cena inspira.
Ex...pira... esse ar...
Que leveza que dá!

Vão e vêem
Praia,
Passarinho,
Artista,
Bicicleta,
Criança e cachorro.

Gosto de água de coco
Na boca salgada
De pele bronzeada.

Vêm em vão
O velho casal,
O atleta a correr.
Vigor, suor
E a vida a interromper.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Vento, leve...

Sabe, dor... ia (ou vá)

Que sei da vida,
Do amor,
Das pessoas?

Para declarar,
Declamar,
Reclamar
Ou amar...

Passa tudo,
Todo e qualquer.
Homem ou mulher.
Passa a dor, o sabor.
A amizade, a curiosidade,
Passa.

Pássaro sem ninho...
A alma poeta,
À liberdade condenada,
Espontânea,
Efêmera,
Espinho.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Pousar de passarinho

Pequenino

Bem-te-vi insistente,
Vem à janela visitar.

Conquista com a presença,
Com a atenção,
E o cantar.

Não sei bem o que é,
Mas ele sempre me faz lembrar...

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Livro aberto

Faz de conta

Pouco a conhece.
Não! Se apaixona...

Que sabe dos seus sonhos,
Dos seus medos?
Quer compor
E cantá-la...

Experimenta, menino,
O amor,
O desejo,
O carinho.

Não chame seu nome.
Não suba a torre.
Não a liberte assim.

Princesa encantada...
Pode ser enrascada,
Pode ser sua amada,
Talvez, namorada!

Cantor joga a pedrinha,
Faz serenata
E poesia.
Sobe as escadas
Beija-lhe a face.

Desarma o dragão
Que guardara,
Cuidadoso e bravio,
Seu coração.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Do poeta

Amador profissional

Todo poeta fala de amor
Amor de mãe,
De filho,
De irmão e amigo.

Amor do coração,
Da dor,
Do perdão.

Amor das mãos,
Dos olhos,
De pele, boca
E pescoços.

Amor em flor,
Em mar,
Em vento,
Em sol,
Estrela e luar.

Amor de amar,
De dar,
Trocar, cobrar,
Partilhar.

Alma artista,
Corpo amante,
Coração vigarista,
Mente viajante.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Aos Teus Pés

Um bilhete para Ele

Papai querido,
Ouviste meu apelo.
Senhor da minha vida
Cuidou de cada detalhe.

Fiz uma lista grande
Com tantos pedidos
E desejos.
Um a um,
Cada sonho,
Tem realizado.

Fiel companheiro,
Consolador amoroso,
Misericórdia e perdão
Concede sem exigir.
Liberta e acolhe.

Agradeço
Por todos os conselhos
Que não ouvi,
Por todo o perdão
Que não mereci,
Por todo o amor
Que não senti.
Por nunca mesmo
Ter desistido de mim.

Amo-te mais que tudo,
Mais que a mim,
E por isso
Posso ser, hoje,
Intensamente feliz.

domingo, 24 de outubro de 2010

Amor em cor

Emoções em flor

As flores desse meu jardim,
Molho com lágrimas de alegria incontida.
Olho com zelo em certa medida.
Rogo por raios de sol todo dia.

Assim,
Conserva sua beleza.
Confessa a pureza.
Conversa com leveza.

E revela
Tantas cores,
Odores,
Quantos amores
Representados.

Em pétalas de rosas,
Orquídeas, violetas, margaridas.
Em pólen de girassóis,
Cravos, sempre-vivas.
Em folhas de flores do campo,
Copos-de-leite, azaléias, tulipas.

Achegam as borboletas atrevidas,
Trabalhadoras abelhas e formigas,
Pássaros cantores...
Bem-vindos, sejam, os beija-flores!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Medida do abstrato

Força de expressão

Bom mesmo é sorrir!
Alegria...
Criança a brincar,
Correr sem cair.

Melhor ainda é chorar.
Emoção ou alívio...
Aluno a formar,
Mãe a orgulhar.

Que tal então é gritar?
Raiva ou exagero
Som do apelo,
Apego,
Desespero!

De tudo, porém,
Insuperável
É aquietar,
Amansar,
Silenciar...

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Sofrer Errar Superar

Ora... ação

Melhor seria
Se a gente gostasse
Sempre
De quem gosta
Da gente.

Não sofreria
O coração
De quem tivesse
A receita
De amar sem medida
Em sintonia perfeita.

Descansaria
Da busca eterna
Por uma gêmea alma
Serena calma.

E finalmente,
Amaria.
Amar ia.
Ao mar ia.

Ia.
Vinha.

Natural.
Incessante.
Musical.
Pulsante.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Arte e ofício

Máquina de sentimentos

Música e poesia
Letra e melodia
Canção que arrepia
Arranjo, harmonia.

Voz e violão
Gaita ou piano
Não importa o tom,
A rima,
Sequer o som.

Na voz do cantor
Cada palavra
Desliza e estala
Desfila e regala.

De tudo,
O que envolve,
Destaca,
Movimenta,
Invade,
Representa...

É o que se sente
E faz sentir.
Que se expressa
E impressiona.

A voz embargada
Na emoção.
O erro e o tremor
Vindo da dor
E do amor.
A lágrima
Tímida e escondida.

Saber da humanidade
Da alma artista
É o maior espetáculo.
A precisão
E a afinação,
Mera obrigação.

domingo, 17 de outubro de 2010

Íntima ação

De escrever

Sensibilidade para recitar
A Dor em poesia.
Colocar do avesso
O verbo.
E em verso
A Melancolia.

Olhar de frente
A Depressão,
Cínica e irônica,
Chamá-la Solidão.
E se for a hora,
Euforia,
Revertê-la em Inspiração.

O amigo não visto,
O tempo passado,
O amor vivido...
Saudade!

Se de todo
A Realidade insistir,
O Sonho,
Em sono ou vigília,
Sempre há de vir.

sábado, 16 de outubro de 2010

Sem você

Desencontro marcado

Noite sem lua.
Sem estrela.
Sem chuva.
Sem a sorte
De sua companhia.

Seu sorriso.
Seu abraço.
Seu carinho.

Noite fria.
Vento penetrante.
Ocupa os espaços.
Apaga os passos.
Do viajante.

A mente divagando.
Lenta.
Preguiçosa.
Ah... essa noite,
Eu só queria uma rede,
E sua presença
Deliciosa!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Gente grande

Ama-endurecer

Metade cheio
De sonhos,
Anseios,
Desejos.

Metade vazio
De sentido,
Medo,
Conflito.

Escolhas demais.
Navios e cais.
Estradas.
Destinos.

Avisaram-me:
É preciso crescer!
E ser grande é escolher.
Arrepender.
Viver.
Jamais envelhecer.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Delicadeza em pedaços

Bem me quer

Peço paciência
E cuidado.

Conquista.
Seduz.
Atrai.

E quando me render...
Entregue-me!
Seu coração.
Seu beijo.
Sua mão.
Seu desejo.

Sendo fruta,
Aproveita cada pedaço.
Descasca com carinho.
Perceba a textura.
E o sabor.

Ou acaricia pétala e folha.
Desvia o espinho.
Sente o perfume.
Rega.
Cuida.
Como se fosse flor.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Salto alto

Pára-quedas

Ponte interminável
Que liga minha vida a você.
Tão improvável
Esse encontro acontecer.

Por isso essa vontade
A curiosidade,
A necessidade...
De se lançar.
Enfrentar.

Mergulhar.
Nesse mar
De novidades,
Incertezas.

Sem proteção,
Ou moderação.
Arriscar.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Insustentável leveza

Licença poética

Livre.
Para voar
Escrever
Sentir
Compor
Amar.

Leve.
Como folha ao vento.
Alma de criança.
Espuma do mar.

Viva.
Feito flor na primavera.
Beija-flor a espera,
Batendo as asas
Sem nunca parar.

Pronta.
Para pousar.
E no conforto do ninho,
Descansar.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Banco vazio

Saudade amiga

Porque sinto cada vez mais a sua falta?
Se vivi sem você até outro dia...

Porque quero tanto sua companhia,
Seu sorriso,
Seu abraço,
Seu conselho?

Como foi mesmo que chegamos aqui?
Tão longe...
Tão perto...
Tão dentro.

Me entende como ninguém...
Me ouve como alguém
Que importa
E se importa.

Me ama.
Me quer.
Me tem.

Auxílio.
Amado.
Amigo.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Mensagem ao passarinho...

Fora do ninho

Parei com você.
Que só me fez bem.
Que viu meu sorriso se abrir
Com brilho no olhar.

Não dá mais pra ficar.
Apaixonar.
Decepcionar.
Coração remendado,
Não consigo colar.

Combinamos assim.
Voa comigo.
Canta pra mim.
E só.

Cantada de um compositor

Serenata

Toca-me
Com tuas mãos
Talentosas,
Carinhosas.

Desliza sobre as curvas
Segura com destreza,
Firmeza.

Acerta cada tom
A melodia
A poesia
E a canção.

Canta-me
Em voz e violão.

A gente nunca esquece

Primeira vez

O primeiro passo
Inesquecível
A primeira palavra
Inesperada

O primeiro beijo
Afobado
A primeira onda
Assustadora

O primeiro amor
Impossível
A primeira decepção
Devastadora

O primeiro erro
Perturbador
A primeira paixão
Inebriante

A vez que foi primeira
Nunca se repetirá.
A primeira vez que foste
Não voltará.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Máscara entregue

Despir-se de mim

Para você
Fiquei nua
Na melodia
Em dois acordes
E poesia.

Com você
Essa nudez
Transparente
Foi inconseqüente.

Além da pele
Do olhar
Do coração
Pulsar.

Penetra
Em minha alma.
Decifra
E acalma.

Sem roupa
Sem culpa
Sem vergonha
Sem pudor
Sem limites
Sem dor.

Resta o carinho
A amizade
O amor.

Era uma vez... comigo

Conto de fadas

Um dia conheci um príncipe
Desse tipo encantado
E encantador mesmo.

Que se achava sapo
Patinho feio sem família
Ogro, corcunda...

Um cavalheiro
Gentil, educado,
Romântico e até bobo.

Sem espelho a quem perguntar
Não via beleza
Em toda sua realeza.

Não entendia
Onde havia tanta formosura?
Tanta candura e doçura?

Mas se o charme era isso mesmo!
Não saber-se um príncipe
Era seu maior gracejo.

Um vira-latas sem dono
Um gatinho risonho
Um menino tristonho
Um homem, afinal...
Verdadeiro sonho.

domingo, 3 de outubro de 2010

Poder sem querer

Impera-dor

Peça tudo que quiser
Que eu o beije
O deseje
O entenda
O respeite.

Peça para me calar
Enganar
Mentir
Fingir
Dissimular.

Peça que não leve a sério
Que viva
Que sinta
Ou não sinta
Que ame
E não se apaixone.

Peça que faltava
Nesse quebra-cabeças
Desordenado.

Tem autorização
Para devastar
Desarmar
Desamar.

Peça tudo
Só não peça
Que esqueça.

Fim da estrada

Sem saída

Um pouco de ilusão
Não faz mal a ninguém...

Que há comigo, afinal?
Pra machucar
Só me falta a navalha!

Ilusão...
O vício desse tolo,
Bobo,
Afoito
Coração!

A estrada acaba
Na próxima curva...
Olha!
Conforma.
Retorna.
Não luta.

sábado, 2 de outubro de 2010

Cinzento e nublado

Lágrimas em chuva

Molha a vida.
Rega a semente.
Sacia a sede.
Limpa o corpo.
Purifica a alma.
Leva a dor.

Transforma.
Transborda.
Transporta.

Enche os poços.
Cola os destroços.
Fortalece os ossos.

Gotas na face.
Pele úmida e quente.
Garganta em nó.

Pinga.
Pinga..
Pinga...

Marcas deixadas

Passo em falso

Certo e errado.
Virtude e pecado.
Duas verdades.
Dois lados.

A quem cabe medir?
Ou julgar?
Saberei decidir?
Vigiar?

Se o inferno é aqui.
O paraíso, onde será?
Se não sei aonde ir, melhor ficar...
Ou mais sensato seria mudar?

Confusão insiste.
Não cessa.
Coração resiste,
Mas tropeça.

Lua cheia de si

Lobisomem doméstico

Lobo sensível
E romântico.
Homem feroz
E poderoso.
Irresistível tentação.

Um monstro?
Um deus?
Um desejo!
Um coração...

Pele quente
Domina os sentidos.
Boca ardente
Sussurra ao ouvido.

Uiva pra lua
Que é toda sua.
E volta pra casa
Porque tudo acaba.